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Obra fundamental na Tradição Esotérica da Cavalaria, publicada em francês como Perceval le Gallois ou le Conte du Graal e Perceval e o Romance do Graal em português, conta a história épica de dois cavaleiros: Perceval e Gauvain, pela perspectiva da Via Heroica. Esta obra é considerada um clássico da literatura mundial, assim como A Divina Comédia de Dante Alighieri, o Fausto de Johann Wolfgang von Goethe e a Ilíada de Homero.
Com suas 5 obras Chrétien de Troyes é considerado o fundador da literatura Arturiana e dos romances da cavalaria, sendo o primeiro a falar do cavaleiro Lancelot, de Camelot como a corte oficial do Rei Artur, do drama do Rei Pescador e sobre o grande mito do Santo Graal. Perceval e o Romance do Graal é considerada a sua obra-prima.
Alguns vão dizer que o interesse contínuo por esse tema é devido ao destaque dado a ele por alguns artistas em suas respectivas épocas, como Wolfram von Eschenbach (Século XII), como a ópera de Richard Wagner (Século XIV), e como Rudolf Steiner (Século XX) e seus seguidores contemporâneos, que têm em Perceval um mito orientador. No entanto, essa é uma perspectiva superficial, pois não podemos nos esquecer de que essa história do Perceval traz um conteúdo fundamental, primordial e originário, apontando para uma realidade arquetípica maior, eterna, e sempre disponível no interior de nós mesmos.
Sendo assim Perceval, que, de acordo com sua etimologia, significa “louco inocente”, “tornado sábio pela piedade”, “sem malícia”, “casto”, expressões indicativas sobre uma inocência de coração (um coração puro), possui o pré-requisito básico para todo buscador que deseja avançar no caminho espiritual, alcançar a regeneração e a liberação; característica que o torna o único cavaleiro apto para revitalizar o reino do Graal e capaz de torná-lo resplandecente como antes. E Gauvain sendo o cavaleiro identificado com a sua personalidade, com o ego, com o poder, e com os valores e as representações sociais de sua época.
Fica evidente que Perceval ou O Romance do Graal vai muito além de um romance literário (exotérico), com um enredo convencional que se relacionaria apenas com aos desafios existenciais comuns a todo ser humano. Seu núcleo é esotérico, pois aponta para uma realidade oculta, para uma busca espiritual autêntica, feita pela via da cavalaria celestial com o objetivo de chegar a uma das metas principais do caminho espiritual: isto é, alcançar o Santo Graal. Por essa perspectiva, podemos dizer que todos nós somos Perceval e Gauvain ao mesmo tempo, sendo Perceval a face espiritual e Gauvain a face existencial.
Com uma história simbólica, Chréten de Troyes amalgamou conteúdos pré-cristãos, cristãos e judaicos (Cabalá), e os estudiosos mais avançados perceberão que uma obra desta envergadura só poderia ter sido escrita por um Alto Iniciado com uma missão coletiva. Nas palavras dele: “Quem semeia pouco, colhe pouco. Aquele que quer ter bela colheita lança seu grão em terra tão boa que Deus lhe restitui duzentas vezes mais, pois em terra que nada vale a boa semente seca e perece”.
O leitor interessado nesta temática pode se aprofundar na Tradição da Cavalaria através dos da leitura dos seguintes livros: A Iniciação dos Cavaleiros e a Iniciação dos Reis e O Jogo da Amarelinha e o Jogo da Gansa, ambos de Gérard de Sorval, e O Segredo do Graal – Perceval e a Via da Liberação de Patrick Paul.
Texto: Kleiton Fontes – Revisão: Américo Sommerman
Chréten de Troyes, foi um poeta e trovador francês do final do século XII. Foi um dos primeiros autores de romances de cavalaria, sendo também considerado o primeiro grande novelista em língua francesa. Suas obras inspiraram a literatura em toda a Europa Ocidental durante a Idade Média.
Compôs cinco longos romances sendo eles: Erec e Enide (Erec et Enide), Cligès, Lancelot ou O Cavaleiro da Charrete (Lancelot, ou Le Chevalier à la Charrette), Yvain ou O Cavaleiro do Leão (Yvain, ou Le Chevalier au lion), e Perceval ou O Romance do Graal (Perceval, ou Le Conte du Graal).
Nasceu na cidade de Troyes (a 180km de Paris) e escreveu entre 1160 e 1185 na corte de Maria de Champagne, filha de Eleanor da Aquitânia e Louis VII, esposa do conde de Champagne e grande patrona das cartas. Depois, trabalhou na corte de Filipe de Flandres até o final de sua vida, inicialmente sendo patrocinado e protegido por Maria da França, condessa de Champagne e, posteriormente, pelo Rei Filipe de Flandres.
Perceval ou O Romance do Graal foi uma encomenda feita pelo Rei Filipe de Flandres (ou Filipe de Alsácia) e destinada ao jovem e futuro rei Filipe Augusto, seu afilhado e tutoreado.
Em toda biografia é comum fazer um recorte da história do autor biografado e tratar pouco do contexto religioso e espiritual que o formou intelectualmente e espiritualmente. Isto não é possível quando se tratarmos da biografia dos autores dos romances que se tornaram a base fundamental e mítica da Tradição da Cavalaria.
É sabido que a região de Troyes foi um local onde existiram muitos cultos celtas, além de cultos ao Deus Mitra, e que posteriormente foram considerados cultos pagãos. Além disso, era um período onde o Ocidente passava por um grande processo de cristianização (época também do surgimento dos cavaleiros templários), mas ainda era possível ter acesso a conteúdos não apenas cristãos, mas também judaicos, islâmicos e celtas, mesmo com o avanço do domínio cultural da igreja e com a Inquisição. Foi um momento em que as obras e os tratados esotéricos passaram a ser transmitidas sob o véu do segredo.
Há uma grande probabilidade de Chrétien de Troyes ter sido um judeu convertido ao cristianismo. Nesse sentido, há a hipótese de que a escolha do seu nome, Chrétien de Troyes, cuja tradução seria o Cristão da cidade de Troyes, dando a impressão de ser até mesmo um pseudônimo.
Outro fator histórico importante: a cidade de Troyes tinha uma intensa cultura judaica tradicional imersa na Cabalá, cujo personagem mais conhecido foi Rachi de Troyes (Salomon ben Isaac, 1104 – 1105), uma das principais figuras rabínicas da Idade Média.
Partindo dessa hipótese, ele teria tido uma formação judaica inicial e depois, tendo passado por um processo de aculturação no contato constante com a igreja, Chrétien de Troyes teria tido a possibilidade de relacionar com e de integrar na tradição cristã os ensinamentos cabalísticos mais tradicionais e complexos, tentando estabelecer uma ligação simbólica e uma síntese entre o cristianismo e o judaísmo, e, provavelmente, mesmo com o celtismo, visto que Perceval ou O Romance do Graal é um texto com muitos símbolos cabalísticos e também celtas.
Além disso, estando a serviço de Maria da França, antes de servir o Conde de Flandres, isso só poderia ter ocorrido caso ele possuísse também uma formação clássica, com um conhecimento aprofundado do latim e do grego.
Da Idade Média até os dias de hoje só se fala do seu valor literário e romântico, pois poucos foram capazes de reconhecer e mensurar o alcance verdadeiramente esotérico e iniciático de suas obras.
Obras de tamanha envergadura e precisão esotérica como esta levam alguns estudiosos a cogitarem na existência de uma confraria cavaleiresca secreta que poderia ter sido a autora dessas obras, de maneira similar à das obras que foram escritas pelo movimento Rosa-Cruz do Círculo de Tübingen, na Alemanha do início do século XVII, quando os textos foram atribuídos a um só autor e, na verdade, eram o resultado de um trabalho coletivo.
Peso | 0,318 kg |
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Dimensões | 14 × 21 × 1,9 cm |
AUTOR | Chrétien de Troyes |
ISBN-10 | 85-86775-29-1 |
TRADUÇÃO | Marly Segreto |
ISBN-13 | 978858677529-1 |
EDIÇÃO | 1ª. Edição, 2017 |
PÁGINAS | 216 |
IDIOMA | Português, BR |
ENCADERNAÇÃO | Brochura |
Mariano Brusqueti –
Que honra ler a obra fundadora do Graal! Tão rica é a sua simbologia o que nos permite ler a mesma história com diferentes níveis de entendimento.