Ouça também um Recorte Literário desta obra. Duração de 6 min.
Uma obra Solar, no sentido mais profundo e simbólico da expressão, é uma tentativa praticamente impossível expressar a magnitude dessa obra.
Herdeira de uma tradição oral multimilenar remontando ao Antigo Egito (até aproximadamente o 2000 a.C.) é composta de tratados e textos em forma de diálogo, formando um corpus teosófico, uma revelação dos Primeiros Princípios cosmológicos que vieram a se tornar a base filosofia e teosófica de todas as ciências sagradas que até o século XVI ainda irrigavam a cultura do Ocidente europeu.
Escrita entre os séculos II e III d. C em Alexandria (Egito), recém-fundada por Alexandre, O Grande, e que viria a tornar-se o centro do novo império grego-egípcio. Alexandre e seus sucessores tinham como princípio não anular a cultura egípcia nem a de nenhum dos países que conquistava, mas sim trazer a língua e a cultura grega para dialogar com a cultura local, criando assim um rico caldo cultural, com um processo natural de aculturação de suas tradições e de seus mitos.
Os intelectuais e sacerdotes gregos transferidos de Atenas, Esparta e Tebas para Alexandria sabiam reconhecer a riqueza e até mesmo a superioridade da cultura milenar egípcia, que ainda se encontrava viva. Nesta época era muito comum ver uma literatura desenvolvida em grego trazendo a autoria notável do deus Thot, uma vez que ele era considerado a divindade da sabedoria, o escriba dos deuses e o autor por excelência dos livros religiosos da época.
Este foi o caso dos textos e tratados que compõem o Corpus Hermeticum, traduzidos possivelmente de um texto original egípcio ou de tradições orais egípcias para a língua grega e realizado por egípcios versados na filosofia grega. É iniciado com um tratado introdutório, e o mais célebre deles, fundamento de todos os outros, sobre o encontro e diálogo estabelecido pela Inteligência Divina personificada (autodenominada como Poimandres) com o deus Thot-Hermes. Momento de grande revelação onde explica com grande clareza e riqueza de detalhes a natureza de Deus, a origem do Universo, além da estrutura e do destino do universo e da vida humana. Essa é a revelação que se desdobra nos tratados seguintes onde Thot-Hermes transmite os segredos ocultos do universo para alguns discípulos escolhidos e que formarão a raiz, o núcleo da doutrina daquilo que se convencionou chamar de “Tradição Hermética”, e que remonta às raízes da cultura ocidental como nós a conhecemos ainda hoje.
Sabedoria divina anterior ao cristianismo, influenciou grandes teólogos e filósofos cristãos do início da igreja, inspirou os grandes filósofos neoplatônicos, teve adeptos entre os teólogos da escolástica como Pedro Abelardo, impactou a Escola de Chartres, chegando até alguns santos como Alberto Magno (O Grande). Foi referência dos principais filósofos Renascentistas, criou as bases dos místicos Paracelso e Robert Fludd, e deu subsídio simbólico para visionários e metafísicos como Jacob Boëhme. Sua influência também é vista nos Manifestos Roza-Cruzes, no Pietismo Alemão, no Romantismo e no Idealismo Alemão, chegando a ser ritualizado na Maçonaria Operativa e Especulativa, e paradigma fundamental das fraternidades alquímico-espagíricas, chegando também até as ordens de Cavalaria. Seu rico repertório teosófico e metafísico também influenciou o mundo árabe como é possível ver nas obras de Zózimo.
Publicado em capa dura, contém uma longa e bela introdução feita pelo editor-chefe da Polar Editoral, Américo Sommerman, onde contextualiza de forma ampliada a obra pela perspectiva histórica e esotérica, e depois seguido pela revelação de outros 17 tratados. Contém como anexo o tratado Asclépio ou Discurso de Iniciação, e nos brinda com o tratado a Pupila do Mundo (Kore Kosmou), diálogo mítico no qual a deusa Isis transmite a seu filho Hórus os altos ensinamentos que recebera do deus da Sabedoria Thot-Hermes.
Por fim, o livro publicado pela Polar se conclui com um rico Glossário contendo os principais termos egípcios citados na obra.
Chega a ser inacreditável ter a oportunidade e o acesso a um livro de tamanho porte espiritual. Obra que orientou grandes sábios e hierofantes do passado, e que também nos aponta o caminho completo, também conhecido como a Via da Imortalidade e da Deificação da Natureza Humana.
Texto: Kleiton Fontes – Revisão: Américo Sommerman
Recorte Literário: Marcelo Paganotti
Hermes Trismegisto é o nome a quem foi atribuída a autoria dos tratados que compõem a obra denominada de Corpus Hermeticum.
Hermes Trimegisto é a sobreposição do deus egípcio Thot ao seu correspondente grego, o deus Hermes, de modo que as funções principais deste último como mensageiro e intérprete dos deuses são englobadas pelas funções mais amplas de Thot: considerado o deus da sabedoria, deus articulador da Palavra Divina, primeiro-ministro do Deus Supremo, escriba do Deus Supremo, seu mensageiro e executor da justiça divina.
Desde o século III a. C., o nome de Hermes aparece no Egito seguido do título de “grande deus, muito grande e muito grande”, proveniente de designações egípcias de Thot.
Esse segundo nome é qualificativo, designação honorifica pois “Trismegisto” significa “três vezes muito grande”: proveniente do grego tris (de três vezes) e megisto (de grandíssimo ou muito grande), sendo considerado o arquétipo ou modelo perfeito do maior dos reis, do maior dos sacerdotes e do maior dos sábios, e também como o possuidor do conhecimento pleno das três partes da sabedoria: dos fundamentos cosmogônicos e da aplicação da alquimia, da astrologia e da teurgia – o que lhe dava o domínio dos três mundos que são correspondentes a essas três ciências sagradas: o mundo físico, o mundo astral e o mundo espiritual.
Ele personificava a transmissão da sabedoria divina através dos tempos não somente aos homens, mas também aos próprios deuses, tendo sido ele que a transmitiu, por exemplo, a Osíris, a Hórus e a Ísis.
Num conjunto de papiros encontrados no período helênico, chamados de Papiros Mágicos Gregos, ele é descrito como o Criador do Céu e da Terra e o Onipotente Governador do Mundo.
Isto é totalmente coerente com o mito egípcio de Hermópolis (cidade de Hermes), que está na origem de todos os outros mitos egípcios (de Heliópolis, Menfis e Tebas), no qual Thot é aquele que nasce dos Oito Deuses Primordiais, chamados de Ogdóada Primordial; e, no mito hermopolitano, fundador de toda a mitologia egípcia, é a partir da Palavra de Thot que o mundo é criado (…).
É então Thot (em seu aspecto masculino, ou seja, enquanto Sabedoria Divina revelada) que traz para a existência o que o coração do Deus Supremo revelado, Rá, concebeu; é Thot, o Engendrado, “o Senhor das Emanações de Rê”, que articula como Palavra (e escreve) o Verbo de Rê ou Rá.
Na Tradição Hinduísta e Budista ele pode ser equivalente à função do Chakravatin (“Aquele que faz a Roda Cósmica Girar”), o Governante Universal ou Rei do Mundo, Aquele que governa ética e benevolentemente todo o mundo.
Na Tradição Judaica ele é equivalente à função do patriarca Enoque, pois não somente ele subiu ao céu e recuperou a integralidade da tradição primordial (origem da filosofia ou sabedoria perene), mas, além disso, quando morreu sem deixar o corpo tornou-se o Anjo da Face (Metatron), o mais elevado de todos os anjos, ao qual todos os mistérios divinos são revelados, o Grande Escriba de Deus e o anjo que comunica a Palavra divina, as mesmas funções de Thot na Tradição Egípcia.
Peso | 0,613 kg |
---|---|
Dimensões | 14 × 21,5 × 3,5 cm |
AUTOR | Hermes Trimegisto |
TRADUÇÃO | Américo Sommerman |
ISBN-10 | 8586775371 |
ISBN-13 | 978858677537-6 |
EDIÇÃO | 1ª edição, 2019 |
PÁGINAS | 352 |
IDIOMA | Português, BR |
ENCADERNAÇÃO | Capa Dura |
Avaliações
Não há avaliações ainda.