Jacob Boehme, foi um grande visionário alemão do século XVII. É considerado um dos maiores gênios metafísicos da história do cristianismo em particular e da história humana em geral.
Nasceu no dia 24 de abril de 1575 na cidade Antiga Seidenberg, região fronteiriça entre Alemanha e a Polônia, próximo a Goerlitz. Oriundo de uma família pobre, na infância foi incumbido de pastorear animais nos campos da sua cidade.
Em um desses dias comuns, precisamente ao meio dia, o pequeno Boëhme subiu uma montanha encontrando no seu cume a entrada para uma caverna adornada por pedras vermelhas e que continha no seu interior um grande tesouro. Fato esse tão inusitado que o fez sair correndo. Mesmo subindo a montanha outras vezes, nunca mais encontrou a entrada para essa caverna, mas esse evento seria um sinal, um presságio sobre o futuro da sua vida extraordinária.
Logo seus pais viram no filho suas aspirações espirituais elevadas e o matricularam na escola, onde aprendeu a ler e a escrever. Logo depois foi iniciado no ofício de sapateiro. Com o passar dos anos, tornou-se mestre sapateiro e mudou-se para Goerlitz, cidade onde constitui família com quatro filhos.
Desde muito novo era temente a Deus e um leitor intenso da Bíblia. Em meio ao grande conflito ideológico religioso que seu país vivia, sempre almejou o glorioso repouso da alma, possível somente por meio do Espírito Santo, e conforme seu próprio testemunho em um dia comum foi envolvido por uma luz celestial e durante sete dias permaneceu em completa contemplação divina.
Passado um tempo, Jacob Boehme recebeu a visita de um senhor de aparência venerável que pressagiou o seu futuro de grande visionário, mas também as incompreensões e perseguições de seus contemporâneos das quais seria alvo.
Quando fez 25 anos de idade, no ano de 1600, Boëhme foi arrebatado por uma outra grande revelação. Mesmo em meio a tamanha experiência divina e grato pela graça recebida, Boëhme continuou na sua rotina normal como sapateiro e pai de família.
Em 1610, teve outra iluminação, e o que nas anteriores haviam se mostrado parcialmente, agora foi lhe mostrado como uma Unidade. Agora sim Boëhme conhecia plenamente a ordem divina da Natureza. Dois anos se passaram e Jacob Boehme passou a registrar em alguns manuscritos essas suas experiências, não para divulgar, mas para seu próprio estudo. São esses manuscritos que compõem a sua primeira obra A Aurora Nascente.
Jacob Boehme teve a sua primeira obra copiada por um amigo, as escondidas, e divulgada sem a sua permissão. Não demorou muito até que uma cópia caísse nas mãos do principal pastor da paróquia luterana, Gregor Richter, que prontamente considerou o seu conteúdo herético e o ameaçou com a possibilidade de exílio, caso continuasse a divulgar os seus escritos. Jacob Boëhme, fez uma pausa e recolhimento por 7 anos, sem sequer tocar uma pena para fazer algum registro.
Mas depois de outra grande revelação e insistência dos seus amigos, voltou a escrever, foi então que em 1619 surgiu a obra Os Três Princípios da Essência Divina. E os seis anos seguintes foram suficientes para Jacob Boehme produzir mais de 30 tratados e grande número de cartas, sendo todas elas publicadas na sua língua nativa. Após as suas publicações, a partir da segunda metade do século XVII, suas revelações foram traduzidas para diversos idiomas e em pouco tempo haviam conquistado muitos leitores e admiradores em toda a Europa entre os maiores pensadores da elite intelectual e espiritual da época, principalmente na Inglaterra, na Alemanha e na Holanda. Um século mais tarde, suas obras também influenciaram partes importantes da elite intelectual francesa e russa. Infelizmente, no Brasil, suas obras foram traduzidas pela primeira vez apenas no fim do século XX … Portanto, com três séculos de atraso em relação aos principais países europeus! Mas, felizmente, desde o início da segunda década do século XXI mais de um terço da totalidade de suas obras está finalmente disponível no Brasil em língua portuguesa!
Das 11 obras já disponíveis, 7 foram publicadas pela Polar Editorial.
Admirados por alguns e mal compreendido por outros, Boëhme passou o último ano de sua vida exilado na corte da cidade de Dresden, retornando à Görlitz a fim de passar os seus últimos momentos e se despedir. O grande escritor e metafísico veio a falecer no dia 17 de novembro de 1624, aos 50 anos de idade.
Suas obras foram e são referências para muitas das almas mais profundas do Ocidente ao longo dos últimos quatro séculos. Ainda hoje são um referência central para diversas ordens iniciáticas, fornecendo um rico conteúdo sobre os mundos espirituais, suas estruturas e o papel do ser humano diante de Deus e de sua Criação, sendo, portanto, um material imprescindível para todos os buscadores sinceros.
