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Sabedoria Tradicional e Superstições Modernas

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Sobre o Autor

O homem moderno considera o momento atual como sendo o ápice, o suprassumo da vida humana na terra, como se a vida humana tivesse começado ainda “ontem”, no início da Era Industrial, criando uma ilusão de “evolução”, pois reduz toda a complexidade da vida (multidimensional) para uma perspectiva puramente linear.

Até mesmo as palavras foram dessacralizadas (ou profanadas). Vemos na grande mídia a palavra Primitivo sendo usada como um adjetivo de algo velho, ultrapassado, obsoleto e não no seu sentido etimológico e real que nos remete a primeiro, primevo, primordial, relacionado a origem, a algo original no sentido de originário (que não perdeu a sua essência e integridade).

Esta é uma obra básica para todos aqueles que querem entender a profundidade desse corte, esse atravessamento, esse desenraizamento que a Era Moderna estabeleceu com o fluxo natural, original da vida, e com a Sabedoria Perene vinculada às Tradição Primordial. Esse corte foi responsável pela proliferação e criação de superstições baseadas numa pseudociência e em incontáveis pseudofilosofias vazias, tornando o mundo contraditório, esquizofrênico e ainda idolatrado como sendo um mundo de Liberdade e Igualdade.

Esta que foi a primeira obra do grande pensador perenealista inglês Martin Lings a ser publicada em língua portuguesa, oferece-nos uma alternativa lúcida e contundente, diríamos até mesmo luminosa, face aos impasses, contradições e limitações flagrantes da mentalidade modernista, cujo objetivo é reduzir a natureza humana ao status de um “mero animal” econômico-hedonista.

Como retransmissor da voz da Filosofia Perene (Philosophia ou Sophia Perennis) emanada da Tradição Primordial cujas raízes estão bem fincadas no divino, na transcendência, Martin Lings amorosamente nos alerta que “apenas libertando-se do tempo que o homem pode libertar-se das fases do tempo. A via espiritual liberta-se dessas fases porque apenas seu ponto de partida se acha totalmente no interior do tempo. Daí em diante ela é um movimento “vertical” ascensional através de domínios que são parcial ou integralmente supratemporais, como representados no Purgatório e no Paraíso de Dante. A ciência moderna, no entanto, não sabe nada deste tipo de movimento, nem está preparada para admitir a possibilidade de uma libertação da condição temporal”.

Esta obra Sabedoria Tradicional e Superstições Modernas, aliada a leitura de A Crise do Mundo Moderno de René Guénon e de Revolta Contra o Mundo Moderno de Julius Evola, é capaz de demolidor as ilusões modernas mais arraigadas e sofisticadas.

Além disso, Lings nos traz referências sobre os ciclos cósmicos, como as Idades de Ouro, Prata, Bronze e Ferro citado por diversas tradições espirituais do Oriente e do Ocidente, bem como aprofunda a discussão a respeito da “era” em que estaríamos presentemente. Ele também nos presenteia com uma releitura do famoso “Mito da Caverna” de Platão, e nos inspira compartilhando conosco seu olhar sobre as verdades fundamentais das grandes religiões mundiais o como Cristianismo, o Islã, o Budismo, o Taoísmo, o Hinduísmo e o Judaísmo.

Texto: Kleiton Fontes – Revisão: Américo Sommerman

Martin Lings, foi um filósofo das religiões, escritor, poeta e místico inglês ligado a uma importante corrente do pensamento do século XX chamada de Filosofia Perene ou Perenialista.

Nasceu 1909 em Burnage, província do condado de Lancashire (60km de Liverpool), em uma família protestante. Logo na infância seu pai foi transferido para os Estados Unidos levando toda a família. De volta a Inglaterra, graduou-se em Letras na renomada Magdalen College (faculdade vinculada a Universidade de Oxford). Chegou a ser aluno e posteriormente amigo do grande teólogo cristão e romancista Clive Staples Lewis, mais conhecido como C. S. Lewis, escritor de várias obras importantes, entre elas: As Crônicas de Nárnia e Cristianismo Puro e Simples.

Em 1935 (aos 26 anos), já formado, passou um ano ensinando inglês na Polônia e, depois, foi contratado pela recém fundada Universidade Vytautas Magnus, na Lituânia (ainda vinculada a União Soviética), onde lecionou inglês e anglo-saxão.

Em 1938, Lings e mais 2 amigos, Adrian Paterson e Peter Townsend, foram a Basileia (Suiça) conhecer o grande metafísico e perenialista Frithjof Schuon, que era vinculado a uma das confrarias sufis: ordens iniciáticas (esotéricas) ligadas ao islamismo. Pouco depois, converteu-se ao Islã, a fim de se vincular formalmente a essa ordem e ao líder espiritual da mesma, adquirindo então o nome Abu Bakr Siraj Ad-Din. A ordem à qual se vinculou chama-se Alawiyya, da qual Schuon era um dos representantes na Europ. Nesta mesma viagem, conheceu também o perenialista italiano Titus Burckhardt (1908-1984), que na época também residia na Basiléia.

Em 1939, empreendeu uma viagem ao Cairo (capital do Egito), a fim de se aproximar pessoalmente do pensador, esoterista e grande metafísico francês René Guénon (que já residia por lá a 10 anos) e que, juntamente com Schuon, foi o maior expoente da filosofia Perenialista. Estabeleceu um grande vínculo com Guénon, a ponto de tornar-se seu secretário, vendo-o quase que diariamente. Aprendeu árabe e tornou-se professor de literatura inglesa na Universidade do Cairo, onde também ensinava e produzia as principais peças de William Shakespeare.

Em 1944 (ainda no Egito) casou-se com Lesley Smalley (Arafat) e mudaram-se para uma vila próxima as pirâmides.

Em 1952 foi expulso do Egito junto de todos estrangeiros europeus, ação executada pela Revolução Nacionalista Egípcia. De volta a Londres, obteve um novo bacharelado e, posteriormente, fez um doutorado no Instituto de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres com uma tese sobre a vida do Xeique (mestre espiritual) Sufi Ahmad al-Alawi, fundador daquela confraria sufi à qual tinha se vinculado por meio de Fritjoff Schuon: a confraria Darqawia Alawia. Esta tese deu origem ao seu livro intitulado Um Santo Sufi do Século XX (A Sufi Saint of the Twentieth Century).

Junto com Lorde Northbourne e outros amigos, esteve presente no inesquecível encontro entre Frithjof Schuon e o grande guru indiano Swami Ramdas na casa dos perenialistas budistas Marco Pallis e Richard Nicholson em Londres, em setembro de 1954.

Em 1955, Lings passou a fazer parte da equipe do British Museum (depois renomeado como British Library), onde de 1970 a 1975 teve o cargo de conservador de manuscritos orientais. De 1974 a 1976, foi consultor para a organização do Festival Mundial do Islã, que se realizou em vários museus de Londres durante o ano de 1966. O próprio Lings organizou a monumental exibição de maravilhosos manuscritos alcorânicos de todas as partes do mundo que aconteceu no Museu Britânico. Além disso, junto com Titus Burckhardt, colaborou ativamente na exibição “As Artes do Islã”, que fez parte do mesmo festival. Em 1977, Lings foi à Meca, a convite da Universidade Rei Abd Al-Aziz, a fim de participar de uma conferência sobre educação islâmica.

Foi colaborador frequente da revista Studies in Comparative Religion (descontinuada em 1987).

Em 1983 publicou sua importante obra Muhammad – a vida do Profeta do Islã segundo as fontes mais antigas, que foi muito bem recebida no mundo muçulmano, chegando a ser premiada no Paquistão e no Egito.

Após seu retorno à Europa, Lings passou a visitar Frithjof Schuon uma vez por ano na Suíça e, depois, nos Estados Unidos, quando Schuon mudou-se para lá, e também recebeu visitas anuais de Schuon em sua casa na Inglaterra.

Frequentemente acompanhado de sua esposa, visitou com frequência seus amigos que moravam na América do Norte, na África do Sul, no Oriente Médio, no subcontinente indiano e na Malásia.

Faz parte de um importante hall de perenialistas do Século XX que conta com grandes pensadores como: René Guénon, Frithjof Schuon, Titus Burckhardt, Ananda Coomaraswamy, Whitall Perry, William Stoddart, Marco Pallis e o brasileiro Mateus Soares de Azevedo.

Foi um escritor prolífico. Seus livros podem ser divididos em três categorias: obras filosóficas ou teológicas, escritos e palestras sobre Shakespeare, e livros sobre temáticas islâmicas.

Entre as suas obras de maior destaque, podemos citar:

– A Arte Sagrada de Shakespeare (1ª ed. 1966). Obra sobre a qual foi feito um documentário com o nome Shakespeare’s Spirituality: A Perspective (Uma entrevista com o Dr. Martin Lings);

– Sabedoria Tradicional e Superstições Modernas (1ª ed., 1980) – obra considerada uma continuação do livro clássico A Crise do Mundo Moderno (1922) de René Guénon, onde aponta as contradições e os erros da mentalidade materialista e relativista da modernidade, indicando respostas da Filosofia Perene para os dilemas do homem contemporâneo;

– Muhammad – a vida do Profeta do Islã segundo as fontes mais antigas (2010);

Sob o pseudônimo “William Massey”, traduziu para o inglês a obra “Oriente e Ocidente” de René Guénon, e foi por toda sua vida um expositor, à sua própria maneira, dos ensinamentos de Guénon e Schuon.

Faleceu no dia 12 de maio de 2005 na cidade de Kent (Inglaterra).

Peso 0,202 kg
Dimensões 14 × 21 × 1,4 cm
AUTOR

Martin Lings

TRADUÇÃO

Mateus Soares de Azevedo e Sergio Sampaio

ISBN-10

8586775010

ISBN-13

978858677501-7

EDIÇÃO

2ª. Edição, 2014

PÁGINAS

128

IDIOMA

Português, BR

ENCADERNAÇÃO

Brochura

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