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Depois do sucesso da obra Tratados das Enéadas do grande Plotino (204-270 d.C.), e da publicação honrosa da obra Sobre a Teologia de Platão, Volume I, de Proclo (412–485 d.C.), a Polar Editora traz Sobre os Primeiros Princípios do pensador que é considerado o último grande nome da filosofia grega, Damáscio (460 – 537), sucessor de Proclo e último diretor da Escola Neoplatônica de Atenas. Esta obra consolida uma tríade neoplatônica fundamental para o entendimento desta linha filosófica que influenciou as grandes tradições espirituais abraâmicas: o cristianismo, o
islamismo e o judaísmo.
A obra de Damáscio é, fundamentalmente, uma reflexão profunda e incansável sobre a natureza da Realidade absoluta. Para ele, o Deus Supremo está não apenas além de Deus enquanto Ser (como definido por Aristóteles), mas além de Deus enquanto Uno (como enunciado por Plotino e Proclo). Buscando de algum modo ao mesmo tempo valorizar e, num determinado ponto, ultrapassar o pensamento de seus maravilhosos antecessores na linhagem neoplatônica como Plotino, Siriano e Proclo, Damáscio retoma e desenvolve a posição do divino Jâmblico e enfatiza a dimensão além do Uno, dimensão totalmente inefável e transcendente, sobre a qual nada pode ser dito por ser incognoscível (impossível de ser conhecida). A abordagem de Damáscio é como uma ascese intelectual pois de fato se conclui no absoluto silêncio do abismo inefável (indescritível) da divindade.
Como um autêntico diádoco (sucessor) de Platão e herdeiro desta tradição, Damáscio não nega nada da estupenda “catedral” erguida pelos seus antecessores (os estados múltiplos do Ser e os diferentes níveis da realidade ou os diferentes Mundos que eles tão bem descreveram) como revelação e habitação multidimensional do Deus Supremo (denominado o Uno e o Bem), mas dedica apenas mais atenção à dimensão indizível que transcende até mesmo o Uno, primeiro princípio de Plotino.
Sua leitura não é fácil. A leitura do luminoso Plotino e mesmo a do grande Proclo e a do divino Jâmblico são muito mais facilmente compreensíveis para uma razão não habituada com o neoplatonismo. No entanto, essa dificuldade só se dá por que o “objeto” primeiro da reflexão de Damáscio é aquilo que há de mais sublime e inapreensível entre todas as dimensões primeiras da Divindade Suprema ou da Realidade Absoluta.
São 192 páginas, divididas em 37 capítulos de puro néctar transcendental. Ainda contempla uma bela introdução feita pelo editor-chefe da Polar Editorial, Américo Sommerman, contextualizando a obra, e ao final traz um pequeno manifesto intitulado O Credo dos filósofos platônicos escrito pelo importante filósofo neoplatônico inglês Thomas Taylor (1758 – 1835), responsável pelas primeiras traduções e edições das Obras Completas de Platão e de Aristóteles para a língua inglesa.
É aconselhável e preferível, antes da leitura de Sobre os Primeiros Princípios de Damáscio, ler a obra Tratados das Enéadas de Plotino e Sobre a Teologia de Platão, Volume I de Proclo, pois as mesmas seguem uma ordem cronológica e maturacional, e por isso são capazes de criar camadas de compreensão gradativas, facilitando a absorção e apreensão dos conceitos mais complexos trazidos por esse grande filósofo.
Texto: Kleiton Fontes – Revisão: Américo Sommerman
Damáscio (460 d.C.- 537 d.C.) é considerado o último grande nome da filosofia grega. Foi o último escolarca (reitor) da Academia Platonica de Atenas, sendo intitulado sucessor (diádoco) de Platão.
Nasceu em Damasco (província romana da Síria) no ano de 460 d.C., ganhou o codinome Damáscio que remete ao seu local de nascimento. O seu nome de batismo é desconhecido.
Ainda bem jovem foi para Alexandria, grande centro cultural da época, onde permaneceu por doze anos. Logo iniciou os estudos de Retórica na escola de Horapolo, mestre de grande reputação na cidade e um dos últimos líderes da tradição sacerdotal egípcia. Damáscio foi um dos alunos a ter acesso a sabedoria egípcia através desse seu professor.
Posteriormente, Damáscio teve como tutor filosófico Isidoro de Gaza, aluno do pai e do tio de Horapolo. Alguns anos mais tarde, Isidoro viria a ser tornar o chefe e diádoco da Academia Platonica de Atenas, antecedendo o próprio Damáscio nesse posto.
Em 488 d.C. a escola de Horapolo e outros grupos não cristãos passaram por uma inspeção. Os professores e alunos da escola foram interrogados e alguns foram presos e torturados. Decidiram entrar na clandestinidade e optaram por fugir para Atenas, a fim de continuarem os seus estudos filosóficos na Escola Platonica de Atenas, irmã da escola de Neoplatônica de Alexandria.
Na nova escola Damáscio estudou matemática com então o chefe da Academia, Marino de Nápoles (sucessor de Proclo à frente da Academia desde 485 d.C.). Depois estudou filosofia com o Zenodoto, que tinha sido o aluno predileto de Proclo e que pouco depois sucedeu a Marino como diádoco na chefia da Academia.
Alguns anos mais tarde, Isidoro se tornaria o reitor e diádoco da Academia de Atenas, função posteriormente transferida para Damáscio. Damáscio ficou conhecido pelo seu brilhantismo intelectual e por resgatar o prestígio da escola, mas também pela transferência da escola de uma encosta da Acrópole para um grande complexo de edificações na encosta norte do Areópago, conseguindo atrair para a escola os melhores filósofos do mundo helênico.
Em 529 d.C. o Imperador Justiniano I fechou a escola, interrompendo a propagação da filosofia Platonica, e Damáscio, com seis de seus colegas, procurou asilo na Pérsia, na corte de Cosroes I. Sendo bem acolhidos pelo rei Cosroes I, apreciador da cultura e filosofia grega. Apesar disso, os filósofos perceberam que o rei exercia um regime monárquico de maneira excessivamente autoritária, o que fez com partissem, para isso um tratado de paz foi selado entre o Rei Coroes e o Imperador Justiniano, onde contemplava um resguardo e respeito de suas vidas e suas crenças e convicções ancestrais.
Os sete filósofos se instalaram na cidade de Harran, na Síria, criando ali a Escola Neoplatonica de Harran. Há indícios de que esta escola permaneceu ativa até o século X.
Entre as suas principais obras que chegaram até nós, destacam-se os comentários sobre alguns Diálogos de Platão, dentre eles: ao Parmênides, ao Fédon, ao Filebo e uma biográfica com o nome Vida de Isidoro. Entre as obras perdidas temos os comentários sobre outros Diálogos de Platão: à República, ao Timeu, ao Alcibíades e às Leis. Comentários sobre a obra de Aristóteles e sobre os Oráculos Caldeus. A primeira publicação de uma de suas obras em língua portuguesa foi lançada pela Polar Editora em 2020: Sobre Os Primeiros Princípios – Aporias e Soluções.
Peso | 0,278 kg |
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Dimensões | 14 × 21 × 1,6 cm |
AUTOR | Damáscio |
TRADUÇÃO | Rafael Resende Daher |
ISBN-10 | 978-65-990580-1-1 |
ISBN-13 | 978659905801-1 |
EDIÇÃO | 1ª edição, 2020 |
PÁGINAS | 192 |
IDIOMA | Português, BR |
FORMATO | Livro |
ENCADERNAÇÃO | Brochura |
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